segunda-feira, 28 de abril de 2008

Naufrágio


Se o no teu corpo naufragasse
E nas ondas do teu cabelo
Lutasse
Pela luz do teu olhar
O teu sorriso farol
Porto de abrigo
Consolo

Se o teu gesto me ensinasse
O rumo do teu encontro
E os meus dedos desenhassem
O mapa da tua pele
Se em teu peito descansasse
Como na cama de areia
Da morna praia envolvente
Onde náufrago
Me acolhesse

Se ao adormecer sentisse
A rota dos dois destinos
Traçados num desencontro
Encontrado num momento
Fugaz, intenso, sentido
Furtado da realidade
Numa urgência de quem quer
E não querendo se incendeia
Em que as palavras se esgotam
Nos sentidos sem sentido

Se dessa água provasse
Se nesse sal me envolvesse
Cumprir-se-ia o destino
Que há tanto tempo traçámos
Na intimidade do nada.

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