quinta-feira, 28 de agosto de 2008


Passam rajadas frias, fustigantes
No tempo que urge e ruge
Em cavalgada insana
Farrapos de lembranças do que fomos
Do que fizemos e dissemos
Um ao outro
Mas, como se a catadupa
Besta cega fosse
Que traga vorazmente e com volúpia
Os momentos que a tormenta acalmariam,
A cega besta antes mostra, ilumina,
Evidencia, valoriza
O que ao seu manto se prende
E ali perdura
Os momentos em que o nós foi odiado
Em que amor ardente alternou com raiva e desencanto
Forçados pela força do primeiro
Frios ficamos, tiritantes
Esquecidos de um abraço de conforto
Firmados, pés na terra, enfrentamos
As rajadas que agressoras
Nos deixam no olhar a despedida incómoda.

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